sexta-feira, outubro 09, 2009

Exatamente aquilo que eu tenho.



Encontrei essas palavras que não são minhas e que eu queria que fossem. Fazem parte das invejas que eu sinto daqueles que as disseram primeiro e mais lindamente do que eu seria capaz.
Depois de um dia de migalhas a que sobrebrevivi só me restam os livros de poesia novos que chegaram essa semana e que ainda não li.

Para ouví-lo aqui está o link
http://www.estudioraposa.com/index.php/30/09/2009/lugar-108-rafael-nolli/

Uma ótica dica que recebi do Samuca.

Hoje, sou exatamente aquilo que tenho:
centavos que não compravam felicidade alguma
uma úlcera metafísica,
que não me acompanhará ao infinito
dezenas de poemas sobre a exaltação do homem
e a felicidade tola dos desvairados.

Hoje, sou tudo que tenho:
um sonho de primavera
amadurecendo o coração dos brutos
um gosto de beijo nunca dado
uma iluminação repentina e irremediável,
que me levaria ao céu, se o quisesse.

Hoje, nada além dos meus pertences é o que sou:
uma dor de cabeça debutante
migalhas de pão presas à barba
um projeto de poesia
que me remediará de todo o mal do mundo –
depois de escrito me trairá covardemente,
por não saber nada além
do que suas palavras dizem.

Hoje, sou exatamente o que tenho:
mas é nu que espero o amanhã.


Rafael Nolli



2 comentários:

Anônimo disse...

sil, bom começo de amizade...
rafael nolli é!
e está, em bom português de portugal no audioblogue estúdio raposa: http://www.estudioraposa.com/index.php/30/09/2009/lugar-108-rafael-nolli/
vai lá...
tcheros.

Silvana disse...

Samuca eu gostei muito. Obrigada.